Alexandre de Melo Andrade - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Anelito Pereira de Oliveira - Universidade Federal de Minas Gerais/NEIA/UFMG, Brasil
Beto Vianna - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Camille Dumoulié - Université de Paris Ouest-Nanterre-La Défense, França
Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Celina Figueiredo Lages - Universidade Estadual de Minas Gerais/UEMG, Brasil
Christine Arndt de Santana - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Conceição Aparecida Bento - Univ. Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM, Brasil
Fabian Jorge Piñeyro - Universidade Pio Décimo/PIOX/Aracaju, Brasil
Fernando de Mendonça - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Jacqueline Ramos - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Jean-Claude Laborie -Université de Paris Ouest-Nanterre-La Défense, França
José Amarante Santos Sobrinho - Universidade Federal da Bahia/UFBA, Brasil
Leonor Demétrio da Silva - Exam. DELE-Instituto Cervantes/SE, Brasil
Lúcia Maria de Assis - Universidade Federal Fluminense/UFF, Brasil
Luciene Lages Silva - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Luiz Rosalvo Costa - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Marcos Fonseca Ribeiro Balieiro - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Maria A. A. de Macedo - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Oliver Tolle - Universidade de São Paulo/USP, Brasil
Renato Ambrósio - Universidade Federal da Bahia/UFBA, Brasil
Rodrigo Pinto de Brito - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ, Brasil
Romero Junior Venancio Silva - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Rosana Baptista dos Santos - Univ. Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM, Brasil
Tarik de Athayde Prata - Universidade Federal de Pernambuco/UFPE, Brasil
Ulisses Neves Rafael - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Vladimir de Oliva Mota - Universidade Federal de Sergipe/UFS, Brasil
Waltencir Alves de Oliveira - Universidade federal do Paraná/UFPR, Brasil
William John Dominik - University of Otago, New Zealand (Professor Emeritus), Nova Zelândia
EDITORIA
Jacqueline Ramos - Editora Chefe
Fernando de Mendonça - Editor Adjunto
Luiz Rosalvo Costa - Editor Adjunto
Luciene Lages Silva - Editor Gerente
REVISOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
William Dominik (língua inglesa)
PREPARAÇÃO DOS ORIGINAIS
Jacqueline Ramos
Fernando de Mendonça
PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO
Julio Gomes de Siqueira
IMAGEM DA CAPA: Night in Saint-Cloud, por Edvard Münch, 1890.
Publicado em: 07/01/2021
Sumário
Apresentação
5
Apresentação
Fernando de Mendonça
Artigos
10
A “atitude” filosófica de Walden, de Thoreau
Paulo Junior Batista Lauxen – UNINTER/SC
Resumo: O presente artigo investiga a possibilidade de ler a obra Walden, de Henry D. Thoreau (1817 – 1862), segundo o quadro conceitual desenvolvido por Pierre Hadot (1922 – 2010), em O que é a filosofia antiga? Debruçando-se sobre os textos filosóficos da Antiguidade, Hadot revela que a filosofia se define mais como um modo de vida do que como um discurso filosófico. O propósito desta atividade é “tornar-se melhor” mediante a prática do que ele chama de exercícios espirituais. Não obstante, a filosofia acaba por se distanciar deste caráter marcadamente prático em função de um complexo processo histórico que se reduz a uma atividade exclusivamente discursiva. Hadot localiza ao longo da história figuras que reverberam a tradição antiga de filosofia, como Thoreau, por exemplo. Partindo de Hadot, concluiremos que em Thoreau a literatura se faz filosofiaWalden é ao mesmo tempo um discurso filosófico e um exercício espiritual de seu autor, estando estreitamente vinculado à sua vida filosófica, além de ser recurso “psicagógico” de direção espiritual dos outros.
Palavras-chave: Exercícios Espirituais. Filosofia Antiga. Literatura. Sabedoria.
Abstract: This article investigates the possibility of reading the work Walden by Henry D. Thoreau (1817-1862) according to the conceptual framework developed by Pierre Hadot (1922-2010) in What Is Ancient Philosophy? Looking at the philosophical texts of antiquity, Hadot reveals that philosophy is defined more as a way of life than as a philosophical discourse. The purpose of this activity is to “become better” by practicing what he calls spiritual exercises. Nevertheless, philosophy ends up distancing itself from this markedly practical character due to a complex historical process and being reduced to an exclusively discursive activity. Hadot locates throughout history figures that reverberate the ancient tradition of philosophy, for example, Thoreau. Starting from Hadot, we conclude that in Thoreau literature becomes philosophyWalden is, at the same time, a philosophical discourse and a spiritual exercise of its author, being closely linked to his philosophical life, in addition to being a “psychagogical” resource for the spiritual direction of others.
Keywords: Spiritual Exercises. Ancient Philosophy. Literature. Wisdom.
Submissão: 04 ago. 2020 ⊶ Aceite: 10 nov. 2020
25
Para uma ontologia poética ou poética ontológica: a unidade temporal dos estilos
Rodrigo Rizerio de Almeida – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia/IFBA
Resumo: Em Conceitos fundamentais da poética, Emil Staiger defende a intimidade entre poética e ontologia, sugerindo que a poética reflete, na unidade de seus gêneros, virtualidades fundamentais da existência humana. Por outro lado, a unidade dos estilos poéticos se fundamenta para o autor na unidade temporal da existência, tal como Heidegger a interpretou. Tendo em vista isso, o artigo a seguir explicita a unidade temporal da existência, enfatizando o tempo como o sentido do cuidado (Sorge), para em seguida explorar as sugestões de Staiger de que cada um dos estilos poéticos corresponde a ekstases temporais. Se o tempo originário é finito e não serial, marcado por uma unidade essencial a fundamentar a unidade do todo estrutural do cuidado, a unidade temporal dos estilos poéticos nada mais seria, por sua vez, senão um modo poético de explicitar a mesma totalidade. A unidade temporal da existência se pode ver assim também poeticamente.
Palavras-chave: Poética. Tempo. Existência.
Abstract: In Fundamental Concepts of the Poetic, Emil Staiger defends the intimacy between poetic and ontology, suggesting that poetic reflects, in the unity of its genres, fundamental virtualities of human existence. On the other hand, the unity of poetics styles is based for the author on the temporal unity of existence, as Heidegger interpreted it. With this in mind, the following article explains the temporal unit of existence, emphasizing time as the sense of care (Sorge) and then explores Staiger’s suggestions that each of the poetic styles corresponds to temporal ekstases. If original time is finite and not serial, marked by an essential unity to support the unity of the structural whole of thought, the temporal unity of poetics styles would, in turn, be nothing but a poetic way of making explicit the same totality. The temporal unit of existence can also be seen poetically.
Keywords: Poetics. Time. Existence.
Submissão: 08 ago. 2020 ⊶ Aceite: 12 out. 2020
38
Sentenças proverbiais africanas: a um só tempo, literatura, filosofia e acontecimento
Tiganá Santana – Universidade Federal da Bahia/UFBA
Resumo: Este artigo traz à tona o lugar específico e relevante do que nele se cunha como sentença em linguagem proverbial – diferentemente, de uma ideia euro-ocidental de provérbio – para civilizações africanas, a exemplo da Bantu-Kongo, Changana e Yoruba. A complexidade semiótica, filosófica e estético-inscricional de tal expressão (associada a corporalidades coletivas e singulares) está também na dimensão do acontecimento a mover-se entre temporalidades, o conhecido e o desconhecido. Linguagem, nesse caso, faz-se, antes de tudo, comunicação entre frequências.
Palavras-chave: Sentenças em linguagem proverbial. Provérbio. Civilizações africanas.
Abstract: This article brings up the specific and relevant linguistic space of what is called here a sentence in proverbial language – unlike a Euro-Western idea of a proverb – for African civilizations, such as Bantu-Kongo, Changana and Yoruba. The semiotic, philosophical and aesthetic-inscriptional complexity of such an expression (associated with collective and singular corporealities) occurs within the dimension of a linguistic event that is in the process of moving between temporalities, the known and the unknown. Language, in this case, is, first of all, communication between frequencies.
Keywords: Sentences in proverbial language. Proverb. African civilizations.
Submissão: 31 ago. 2020 ⊶ Aceite: 10 nov. 2020
51
Sobre a malévola faculdade: a palavra
Iasmim Santos Ferreira – Universidade Federal de Sergipe/UFS
Resumo: Este trabalho tem por objetivo se debruçar sobre a crônica “A reforma pelo jornal”, do escritor Machado de Assis, sob a perspectiva da linguagem poética. Para tanto, amparamo-nos nos estudos teóricos de Benedito Nunes (1989), Octavio Paz (2013) e Theodor Adorno (1983). Machado defende a palavra poética veiculada pelo jornal, o meio mais difuso da época, engendrando discussões sobre a linguagem, o fazer poético e o acesso à literatura, sendo assim uma crônica que versa sobre a “malévola faculdade”a palavra, portanto, metapoética.
Abstract: The aim of this article is to analyse the story “A reforma pelo jornal” by Machado de Assis from the perspective of poetic language. For this purpose, we rely on the theoretical studies of Benedito Nunes (1989), Octavio Paz (2013), and Theodor Adorno (1983). Machado defends the poetic tone conveyed by the newspaper, the most diffuse medium of that period, which engenders discussions about language, the poetic practice, and access to literature, thus being a story that deals with the “malevolent faculty”, that is, metapoetics.
Poder-saber e cor: as crônicas de Lima Barreto e os discursos racista-científicos no Brasil do início do século XX
Fernando Zanaga – Universidade Estadual de Campinas/Unicamp
Resumo: Michel Foucault (2010) identifica que, durante o século XIX, emerge na Europa o racismo de Estado e moderno, pautado em revigorados discursos racista-científicos. O Brasil, recém-saído do regime escravista e do sistema monárquico, apresenta uma nova elite que recorre às ideias e práticas europeias buscando modernizar o país. Dentre os discursos europeus, que circulam e reverberam na sociedade brasileira da Primeira República, estão os discursos racista-científicos. A partir dos conceitos de poder-saber, da relação entre discurso científico e verdade elaborados por Foucault (2014a, 2014b, 2019), este artigo pretende identificar as estratégias argumentativas que o literato negro Lima Barreto empregou em suas crônicas para combater e desacreditar os discursos racistas.
Palavras-chave: Michel Foucault. Lima Barreto. Poder. Saber. Racismo.
Abstract: Michel Foucault (2010) identifies the rise of the state and modern racism in nineteenth-century Europe, which was based on revived scientific racist discourses. Since Brazil had recently abolished slavery and the monarchy had been replaced by a republican regime, a new political elite was attempting to conduct a modernization process by transplanting European practices and ideas. The theories of scientific racism were among the European discourses that spread within the Brazilian society. Based on the concepts of power-knowledge and the relation between scientific discourse and truth created by Foucault (2014a, 2014b, 2019), this article intends to identify the argumentative strategies used in Lima Barreto’s chronicles in order to debunk the racist discourses.
Keywords: Michel Foucault. Lima Barreto. Power. Knowledge. Racism.
Submissão: 30 ago. 2020 ⊶ Aceite: 12 out. 2020
81
O habitus bíblico na construção romanesca de Graciliano Ramos
Cosme Rogério Ferreira – Instituto Federal de Alagoas/IFAL
Resumo: Este trabalho tem por objeto as relações dialógicas entre textos graciliânicos e textos bíblicos, investigando de que modo o estudo do livro sagrado do cristianismo influenciou a formação de um intelectual descrente, considerado um dos mais importantes escritores brasileiros. Apesar de se declarar ateu desde a juventude, é conhecida a irônica predileção de Graciliano Ramos pela leitura da Bíblia, bem como é notável a referenciação a passagens bíblicas em sua obra. Por meio de uma análise ancorada na perspectiva sociológica de Bourdieu (2003), utilizamos o conceito de habitus bíblico para nos referirmos às disposições consciente ou inconscientemente incorporadas pelo autor no processo de construção de seu monumento literário.
Abstract: The purpose of this article is to examine the dialogical relationship between Graciliano Ramos’ texts and biblical texts by considering how the study of the sacred book of Christianity influenced the formation of an atheistic intellectual who is considered to be one of the most important Brazilian writers. Although he declared himself to be an atheist from the time of his youth, Graciliano Ramos’ ironic predilection for reading the Bible is well known, as are the references to biblical passages in his work. Based upon an analysis founded on the sociological perspective of Bourdieu (2003), I employ the concept of biblical habitus to refer to the phrases consciously or unconsciously incorporated by Ramos in the process of constructing his literary monument.
Keywords: Bible. Habitus. Graciliano Ramos.
Submissão: 27 set. 2020 ⊶ Aceite: 26 nov. 2020
98
O devaneio poético em A casa de Asterion e A escrita de Deus: reflexões filosóficas na solidão de um cárcere
Clarissa Loureiro Marinho Barbosa – Universidade de Pernambuco/UPE Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz – Universidade Federal de Sergipe/UFS
Resumo: Este trabalho se propõe a estabelecer um estudo comparativo entre os contos A escrita de Deus e A casa de Asterion, a fim de se discutir como, em ambos, os protagonistas da narrativa vivenciam devaneios poéticos proporcionadores de reflexões filosóficas sobre os espaços que habitam. A intenção é que se compreenda como nesses textos borgeanos os personagens principais criam imagens poéticas que os levam a suavizar os lugares de opressão e de solidão em que se encontram. Para tanto, este trabalho fundamenta-se nas ideias de Gaston Bachelard sobre devaneio (1996) e espaço poético (1993), além da visão de Sandra Nitrini (2015) sobre literatura comparada e de Tzvetan Todorov (1975) sobre literatura fantástica. Todas essas bases teóricas corroboram para que se compreenda como esses contos de Jorge Luís Borges fornecem imagens poéticas sobre a infinitude, as quais sejam possibilitadoras de reflexões poéticas sobre as possíveis relações existentes entre o sujeito e o Cosmo.
Abstract: This work proposes to establish a comparative study between the tales The Writing of God and The House of Asterion in order to discuss how in both works the protagonists of the narrative experience poetic daydreams that provide philosophical reflections on the spaces where they live. The intention is to understand how in these Borgean texts the main characters create poetic images that lead them to mitigate the harshness of the the places of oppression and loneliness in which they find themselves. For this purpose, this study is based on the ideas of Gaston Bachelard on reverie (1996) and poetic space (1993), Sandra Nitrini’s (2015) view on comparative literature, and Tzvetan Todorov (1975) on fantastic literature. All of these theoretical foundations corroborate how these stories by Jorge Luís Borges provide poetic images about infinity, which enable poetic reflections on the possible relationships between the subject and the cosmos.
Simulacro, desejo e ética: aproximações entre Slavoj Zizek e A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares
Isabela Cim Fabricio de Melo – Universidade Federal do Paraná/UFPR
Resumo: Este artigo tem como objetivo expor criticamente algumas reflexões e possíveis articulações entre a obra A Invenção de Morel, publicada originalmente em 1940 e escrita pelo argentino Adolfo Bioy Casares, e o trato de conceitos psicanalíticos como ética, desejo do Outro e identificação simbólica e imaginária, pelo filósofo Slavoj Zizek. A concepção de Morel e do narrador das projeções imagéticas como uma vida ideal, remete em Zizek (1992) à constituição psíquica do sujeito em sua falha na comunicação com o Outro. A determinação do narrador, por sua vez, em juntar-se à sua amada no mundo dos simulacros, mesmo ao custo da própria vida, encaminha para uma consideração de proximidade à ética do desejo como pensada por Lacan (2008), em sua leitura da Antígona. O estudo das duas obras principais, o livro escrito por Casares e o capítulo V de Eles não sabem o que fazem, de Zizek (1992), foi acompanhado de outros teóricos da psicanálise e da literatura, resultando em uma articulação teórica que representa e agrega ao entendimento dos conceitos propostos, ao mesmo tempo em que abre espaço para leituras novas do texto literário, para além do trabalho de crítica.
Abstract: RESUMEThis article aims to critically examine some reflections and possible articulations in common between the book The Invention of Morel, composed by the Argentinian Adolfo Bioy Casares and published in 1940, and the use of psychoanalytic concepts such as ethics, desire of the ‘Other’, and symbolic and imaginary identification by the philosopher Slavoj Zizek. Both Morel’s and the narrator’s conceptions of imagistic projections as ideal life refer to what Zizek (1992) remarks about the psychic constitution of the subject who is unable to communicate with the ‘Other’. The narrator’s resolve, on the other hand, to join his beloved in the world of simulation, even at the cost of his own life, opens way for a consideration of its proximity to the ethics of desire, as proposed by Lacan (2008) in his reading of Antigone. The study of two main works, the book written by Casares and chapter V of For They Know Not What They Do by Zizek (1992), is accompanied by other thinkers of psychoanalysis and literature, which not only results in a theoretical articular that represents and adds to the understanding of the concepts proposed but also opens up space for new readings of the literary text beyond the work of the critic.
Keywords: Adolfo Bioy Casares. Slavoj Zizek. Desire of the Other. Identification.
Submissão: 15 set. 2020 ⊶ Aceite: 30 nov. 2020
119
A construção narrativa em abismo, em O lobo da estepe
Geyvson Cardoso Varjão – Universidade Federal de Sergipe/UFS Fernando de Mendonça – Universidade Federal de Sergipe/UFS
Resumo: Em O Lobo da Estepe (1927), o ato de narrar traduz ao mesmo tempo uma metamorfose particular de escrita e um ato reflexivo de consciência. Todo o romance de Hermann Hesse é marcado pelo redobramento do sujeito e da própria narrativa escritural, prefigurando uma estrutura mise en abyme. Por meio de leituras que nos revelem esse tipo de engrenagem narrativa (GIDE, 1951. DĀLLENBACH, 1979. ECO, 1989), propomos uma reflexão sobre a construção em abismo do romance O Lobo da Estepe, compreendendo a complexidade e a vertigem formal como um caminho para a tomada de consciência e o olhar filosófico sobre a existência (SARTRE, 2005).
Palavras-chave: Literatura e Filosofia. Hermann Hesse. Mise en Abyme. Especularidade.
Abstract: In Steppenwolf (1927), the act of narrating entails both a particular metamorphosis of writing and a reflexive act of conscience. Hermann Hesse’s entire novel is marked by the redoubling of the subject and the scriptural narrative, which prefigures a mise en abyme structure. Through readings that reveal this type of narrative mechanics (Gide, 1951. Dāllenbach, 1979. Eco, 1989), we present an analysis of the construction of the abyss in the novel Steppenwolf by understanding complexity and formal vertigo as a path to consciousness and a philosophical outlook on existence (Sartre, 2005).
Keywords: Literature and Philosophy. Hermann Hesse. Mise en Abyme. Specularity.
Submissão: 08 nov. 2020 ⊶ Aceite: 11 dez. 2020
130
Teatro, filosofia e educação: o discurso sobre a poesia dramática
Christine Arndt de Santana – Universidade Federal de Sergipe/UFS Nívea Maria Dias – Universidade Federal de Sergipe/UFS
Resumo: O presente artigo é resultado de uma pesquisa de Iniciação Científica vinculada ao PIBIC-UFS, realizada entre os anos de 2019-2020. O objetivo da pesquisa pretendeu demonstrar a relação necessária entre o Teatro e a Educação no pensamento diderotiano, tendo em tela a Filosofia desse autor para que, dessa maneira, fosse possível analisar, à luz dos preceitos estabelecidos no escrito Plano de uma Universidade, o Discurso sobre a poesia dramática, segunda poética do fazer teatral escrita por Diderot; como também compreender o motivo que levou o filósofo aqui analisado a escrever poéticas que revolucionaram o fazer teatral. A metodologia utilizada foi a da pesquisa bibliográfica, a partir da perspectiva interpretativa-hermenêutica que possibilitou o alcance da seguinte conclusão quanto à relação Filosofia, Teatro e Educaçãoa dramaturgia, assim como sua poética, exercendo uma função social, representa a vida cotidiana em sociedade, fazendo com que seja despertado no espectador a reflexão sobre o mundo que o cerca, permitindo-o ponderar suas ações e agir de maneira reflexiva. Em termos diderotianos, a poesia dramática exige uma configuração tanto estética quanto moral para que se possa forjar, via educação, o ser humano esclarecido (sábio) e virtuoso (bom), único capaz de ser feliz, uma vez que colabora para o alcance da felicidade coletiva.
Abstract: This article is the result of a Scientific Initiation research project associated with PIBIC-UFS that was carried out during the years 2019-2020. The objective of the research was to demonstrate the necessary relationship between Theater and Education in Diderotian thinking by taking into account the philosophy of this author. Thus it was possible not only to analyse, in light of the precepts established in the Plan of a University and the Discourse on Dramatic Poetry, the second poetics of theatrical creation composed by Diderot but also to understand the reason that led Diderot to conceptualize this revolutionary poetics. The methodology used included examining bibliographic research from a interpretative-hermeneutic perspective, which made it possible to reach the following conclusions regarding the relationship between philosophy, theatre, and educationdramaturgy and its poetics exercise a social function and represent everyday life in society, which causes viewers to reflect on the world around them and allows them to ponder their actions and act in a reflective manner. In Diderotian terms, dramatic poetry requires both an aesthetic and moral configuration in order to forge, through education, the enlightened (wise) and virtuous (good) human being, capable alone of being happy, since each one alone contributes to the achievement of collective happiness.
Hegel e a ironia romântica: racionalidade, direito e saber
Jean Felipe de Assis – Universidade Estadual do Rio de Janeiro/UERJ
Resumo: Avaliam-se as posições de Hegel sobre a Ironia Romântica em passagens seletas de seu corpus, especificamente seus estudos sobre o poético nos Cursos de Estética. Diante da multiplicidade de considerações e interpretações dos movimentos românticos, as observações desse filósofo contribuem para uma avaliação das propostas científicas, históricas e políticas de um marcante período intelectual em solos germânicos. Em contrapartida às ideias de F. Schlegel e Novalis, Hegel enfatiza a utilização socrática do conceito de ironia, enquanto as tendências classificadas como românticas apontam antíteses impossíveis de serem superadas em promessas racionais irrealizáveis. Em um modo introdutório de discutir o problema do poético em um diálogo entre Hegel e os românticos, opta-se por estudar a crítica hegeliana à ironia consagrada nos textos de Friedrich Schlegel. Para Hegel, o desvelar do Geist e a busca por auto-consciência efetivam uma realização racional mediante transformações históricas e formas de constituição da intelectualidade e da vida social.
Palavras-chave: Hegel. Ironia. Romantismo. F. Schlegel.
Abstract: Hegel’s positions on Romantic Irony are evaluated in selected passages of his corpus, specifically his studies on the poetic in Aesthetics Courses. Taking into account the multiplicity of considerations and interpretations of romantic movements, these philosophical inquiries contribute to an evaluation of the scientific, historical and political proposals during a remarkable intellectual period in Germanic territories. In contrast to the ideas of F. Schlegel and Novalis, Hegel emphasizes the Socratic use of the concept of irony, while trends classified as romantic exhibit antitheses that are impossible to be overcome through rational thinking. As an introductory way of discussing the poetic in a dialogue between Hegel and the romantics, this essay opts to study the Hegelian critique of irony present in Friedrich Schlegel’s texts. For Hegel the unveiling of Geist and the search for self-awareness affords the possibility of a rational realization through historical transformations and forms that permeate intellectuality and social life.
Keywords: Hegel. Irony. Romanticism. F. Schlegel.
Submissão: 27 mai. 2020 ⊶ Aceite: 31 ago. 2020
Traduções
152
QUE O MELHOR MÉDICO É TAMBÉM FILÓSOFO, de Galeno
Rafael Carvalho – Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG-CAPES
Submissão: 27 ago. 2020 ⊶ Aceite: 26 nov. 2020
163
Sobre o Fogo, de Immanuel Kant
Klaus Denecke Rabello – Pontifícia Universidade Católica/PUC-Rio
Submissão: 30 ago. 2020 ⊶ Aceite: 26 nov. 2020
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