A Palo Seco - N.16

MODOS DO CÔMICO

Frases cômicas na Literatura
Profa. Dra. Jacqueline Ramos

CÔMICO e CONHECIMENTO - 2021

Sobre o cômico na literatura brasileira modernista
Profa. Dra. Jacqueline Ramos

Você tem notícia do latim?

A tese "Dois tempos da cultura escrita em latim no Brasil: o tempo da conservação e o tempo da produção • discursos, práticas, representações, proposta metodológica" do prof. José Amarante Sobrinho, recebeu o Prêmio Capes de Teses 2014 - Letras e Linguística

A Palo Seco, Ano 5, N. 5, Vol. 2, 2013
Escritos de Filosofia e Literatura


CONSELHO EDITORIAL

Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz
Celso Donizete Cruz
Cicero Cunha Bezerra
Dominique M. P. G. Boxus
Fabian Jorge Piñeyro
Jacqueline Ramos
José Amarante Santos Sobrinho
Luciene Lages Silva
Maria Aparecida Antunes de Macedo
Maria Rosineide Santana dos Santos
Oliver Tolle
Romero Junior Venancio Silva
Tarik de Athayde Prata
Ulisses Neves Rafael

EDITORIA
Fabian Jorge Piñeyro
Jacqueline Ramos
Luciene Lages Silva
Maria A. A. de Macedo

CAPA
José Amarante Santos Sobrinho

PREPARAÇÃO DOS ORIGINAIS
Jacqueline Ramos

PAGINAÇÃO e REVISÃO TÉCNICA
Julio Gomes de Siqueira

IMAGEM DA CAPA
caricaturas de Leonardo da Vinci


Sumário

Apresentação

Fabian Piñeyro

Ao longo destes cinco números de A Palo Seco, podemos afirmar que o GeFeLit, grupo que se ocupa da fronteira entre o literário e o filosófico, enxerga essa área como um espaço franqueável, sedutor, rico em possibilidades expressivas, mas, ao mesmo tempo, irredutível como problema intelectual. Mesmo assim, e talvez porque nesta época de especialistas já não mais esperamos achar soluções para grandes questões, o grupo continua jogando nesse teatro de operações onde se bicam a ficção e a ciência das verdades últimas.

Em nossa primeira publicação, cinco anos atrás, escolhemos pensar a literatura e a filosofia em torno da questão do espelho. Sugestivo limite entre a realidade cotidiana e a cópia invertida dessa realidade que seduziu figuras como Machado e Guimarães; fronteira entre o verdadeiro e o enganoso aproveitada, como em Swift e em Borges, como metáfora para lançar sombras de dúvida sobre isso que chamamos real, o espelho foi o primeiro pretexto escolhido pelo GeFeLit, como dizia no prólogo da primeira publicação, “não para converter, mas para conversar”.

Em 2011 tivemos a honra de homenagear Benedito Nunes, fonte de inspiração para o grupo. Através desse intelectual, pudemos reafirmar, e por que não legitimar, a ideia de que o linde entre filosofia e literatura é franqueável, ainda que inapreensível.

Desta vez, como se a intenção fosse acentuar a ideia de fronteira, o número V de A Palo Seco vem em dose dupla, devido a grande quantidade de valiosíssimos trabalhos com que professores de diversas universidades do Brasil e da Europa nos honraram, por ocasião do nosso terceiro colóquio de março de 2013.

Nesta metade, abrimos com três trabalhos que abordam a problemática liminar entre filosofia no contexto do Século das Luzes; os três trabalhos seguintes abordando com o mesmo espírito questões próprias dos nossos dias. No final, oferecemos um minucioso exercício de memória.

O trabalho que inicia a revista, de Márcio Suzuki, traz textos inéditos de Kant para apresentar a figura do filósofo que sabe rir, aquele que, principalmente, sabe rir das coisas às quais se confere importância indevida. A sua leitura oferece uma viagem através das ideias sobre o riso e a felicidade de filósofos como Epicuro, Demócrito, More e Hume. De um modo geral, a capacidade de rir ou ser feliz está na capacidade de evitar que as inconveniências externas afetem o espírito. O homem que se deixa abater por uma circunstância menor, diz Kant, é como o rico que perde a paz porque um serviçal quebra uma taça. Ambos, ao não colocarem o simples fato diante da importância de uma experiência completa, acabam dando valor desmedido a questões menores.

A seguir, Marco Aurélio Werle, apresenta o filósofo alemão Herder, a partir da crítica dos pen- sadores neoclássicos realizada em seus textos Primeira Floresta Crítica e Plástica, como a figura mais relevante da “cozinha” do romantismo alemão, ao antecipar ideias caras ao movimento como, dentre outras, a relação entre arte e força interior e a distinção entre poesia natural, relacionada às manifestações populares, e poesia artificial, mais elaborada.

Nilson Guimarães, por sua vez, traz um Diderot que afirma a absoluta compatibilidade entre a comicidade e a seriedade. Através da leitura de uma obra fronteiriça, como Jacques, o fatalista, e seu amo, Nilson desvenda a maneira como o pensador francês aborda sérias questões “proto-existencialistas” a partir do sexo, da bebida, do riso e do cômico. Através das andanças de Jacques e seu amo, a obra reflete a questão do livre arbítrio e o fatalismo, numa época em que culpar por tudo ao destino era negar a existência de Deus. Para Diderot, ainda, as leis morais seriam necessariamente subjugadas pelas leis da física. Como mais tarde aconteceria com Marx, Freud e Sartre, Diderot acentua nessa obra a contingência da experiência humana.

Se no nosso prólogo, falamos numa fronteira de ampla comunicação entre as disciplinas, Philippe Sabot oferece, como ponto de partida, uma descrição dessa fronteira. De um lado, a rigidez da atividade especulativa; do outro, o apelo ao sonho e a imaginação. Mas também, de um lado, a existência de ficções de invejável agudeza na sua argumentação e, do outro, propostas metafísicas que pedem ajuda à fantasia. A partir dessa perspectiva, Sabot capta as ressonâncias entre os textos de um filósofo, Foucault, e um escritor, Borges. O ponto em comum, neste caso, é a literatura; mais especificamente, a problemática do esvaecimento do autor: por um lado, a negação de uma subjetividade autoral; pelo outro, a evidência de que o leitor recria o livro. Num terreno tão escorregadio, diz Sabot, é difícil deslindar a Literatura e a Filosofia. Existe sim o «literário», e seus diversos modos de recepção, e o «filosófico», como corpus em eterno estado de reinterpretação. Optamos pela publicação bilíngue para se manter o sabor do texto de Sabot, escrito em francês, e, para ampliar seu acesso ao publico em geral, pudemos contar com a tradução de Maria A. A. de Macedo.

Tarik Athayde lê os primeiros escritos de Sartre e afirma que a possibilidade de entender a literatura por meio da filosofia, preocupou-o desde cedo. A partir da sua investigação fenomenológica da consciência, o francês se interessou pela maneira como o signo linguístico solicita que a consciência dirija sua atenção para o objeto significado. O escritor, então, à maneira do pintor com suas representações, penetraria na imaginação do leitor dirigindo sua mente, sua intencionalidade, através de uma trama de significações.

Maria Macedo percorre uma estrada de mão dupla e constrói a ponte entre o Iluminismo e nossa época. Na ida • ou na volta, parte do conceito romântico de literatura, sustentado pela autonomía do texto, para chegar a posição atual de estudiosos como Compagnon e Todorov que advogam a completa retirada da crítica literária do gueto formalista. Já na mão de volta • ou de ida, a autora aborda os estudos literários de filósofos franceses contemporâneos inclinados também a uma abertura para a ficção. O percurso teórico de Maria conflui em Ionesco que, na sua obra, utiliza um recurso literário, a paródia, para analisar a modernidade.

Carlos Japiassu embarca o leitor num exercício de memória. A partida desde a capital; a estrada, com suas cidadezinhas de nomes que ecoam a herança católico-ibérica; a caatinga, que aguardava no final do caminho como uma feliz anfitriã; as alcunhas dos personagens da região criadas num universo tão estranho para as crianças que sua sonoridade despertava um “encantamento sonoro” e, por fim, a casa, sua rotina, seus arredores, suas comidas, tudo harmonizado num relato preciso e riquíssimo em detalhes.

Fabian Piñeyro



4

O filósofo que ri e o humorista, segundo Kant

Márcio Suzuki

Departamento de Filosofia/USP



7

A energia poética das florestas críticas de Herder

Marco Aurélio Werle

Departamento de Filosofia/USP



19

Humor e crítica em Jacques, o fatalista, e seu amo, de Denis Diderot

Nilson Adauto Guimarães da Silva

Departamento de Letras/UFV



34

La preface, le livre, l"auteur: de Foucault a Borges

Philippe Sabot

Université Lille 3/França



50

O prefácio, o livro, o autor: de Foucault à Borges

Tradução: Maria A. A. de Macedo

DLES/UFS



64

Linguagem e imaginação: a filosofia da literatura
nos primeiros escritos de Sartre

Tárik de Athayde Prata

Departamento de Filosofia/UFPE



78

Abordagens da literatura: discussões da relação literatura e filosofia
e sua introdução no texto paraliterário de Eugène Ionesco

Maria Aparecida Antunes de Macedo

Departamento de Letras Estrangeiras/UFS



90

Folias na fazenda: um relato memorial

Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz

Departamento de Letras Vernáculas/UFS



99

Bases indexadoras:

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