I Colóquio Filosofia e Literatura: “Espelhos” – Rosa/Machado
GeFeLit – 2008
Com o fim do ano, lá se vai a oportunidade de comemorar essa que foi uma efeméride singular no céu de nossas letras pátrias. Em 2008, completaram-se os cem anos de nascimento de Guimarães Rosa, escritor que despontou na literatura brasileira já como estrela de primeira grandeza, e ao mesmo tempo os cem anos da morte de Machado de Assis, por muitos considerado o maior de todos, incontornável sol de nosso sistema literário. Morte e nascimento, inversamente proporcionais?
A efeméride nos lembra o alto teor simbólico da comparação. É como se o bastão, quer dizer, o cetro, houvesse passado de um a outro. Algo que de certo modo veio a se cumprir, na história canônica da literatura brasileira. Um brilho correspondente marcaria a posição dos dois escritores na constelação. Machado renasce como Rosa. Transmigração?
Nenhum despropósito. Só quem não quis ser escritor no paós não veio a enfrentar o fantasma e o parâmetro inalcançável do poderoso Machado. Uma atrás da outra, cabeças continuam sendo ceifadas, até hoje, por conta dessa maldição. Mas houve quem ousasse se apresentar sob a forma de uma beleza arquiconvencional, e por isso mesmo irresistável. Da rosa, não se soube decepar-lhe o caule. Há um estudo do poeta Augusto de Campos sobre Guimarães Rosa que aponta similaridades estilísticas entre o estilo desse escritor e o de outro ícone de nossa literatura, para alguns: Oswald de Andrade. Augusto pôde numa ocasião referir a Rosa os resultados desse estudo. Disse-lhe cheio de entusiasmo que havia descoberto, da perspectiva tal, aquela coincidência notável entre sua escrita e a de outro mestre das nossas letras. Rosa perguntou no ato, para se decepcionar em seguida: “Machado de Assis?”.
A história parece demonstrar que o desejo rosiano declarado se cumpre. Ao menos, existem algumas terceiras margens, para além do misticismo e das convenções de compadrio, de onde o cotejo parece colher evidências sustentáveis e animadoras. Neste ano, a efeméride foi força e pretexto para que essas margens fossem inventadas e percorridas. Sucumbimos à tentação.
Nossa terceira margem é projetada na confluência da literatura com a filosofia. De lá propomos o confronto e o espelhamento entre os dois escritores. Pretendemos colocá-los lado a lado, e frente a frente. Nada inédito, porém sempre instigante. Ainda mais com a coincidência de dois contos que, não fosse o subtítulo de um, seriam homônimos: “O espelho: esboço de uma nova teoria da alma humana”, de Machado de Assis; e “O espelho”, de Guimarães Rosa.
É esse o núcleo do evento que acontecerá agora em dezembro na UFS. A experiência reúne professores de filosofia e letras em torno de um mesmo objeto. Uma forma de homenagem, mas também tentativa de explorar as fronteiras de dois modos de conhecimento que se apresentam indissociáveis nas obras desses grandes escritores.
Minicursos dias 10 e 11 14:00h Uma análise do cohecimento casmurro Paradoxo da liberdade em um quadrinho: |
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Palestras dia 10 |
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16:00h Mesa 1 - O ESPELHO DE MACHADO Palestrantes: |
19:00h Mesa 2 - O ESPELHO DE ROSA Palestrantes: |
Palestras dia 11 |
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16:00h Mesa 3 - ESPELHAMENTO: ROSA E MACHADO Palestrantes: |
19:00h Mesa 4 - REFLEXOS DO ESPELHO Palestrantes: |
Inscrições a partir de 17 de novembro no Centro de Educação e Ciências Humanas - CECH/UFS Taxa única: R$ 10,00 (Dez Reais) Vagas limitadas: 70 |